quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Brasil rompe a barreira dos 200 milhões de habitantes.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a população brasileira atingiu, no primeiro dia de julho de 2013, a marca de 201.032.174 habitantes. A barreira simbólica de 200 milhões teria sido superada no dia 2 dezembro de 2012. O órgão também divulgou dados e projeções demográficas até 2060, uma informação de suma importância, tanto para planejadores do governo quanto para investidores da iniciativa privada.
O primeiro recenseamento realizado no Brasil data de 1872. Ele indicava que o contingente demográfico do país era de quase 10 milhões de habitantes. Cerca de um século depois, a população atingiu a marca de 100 milhões, número que dobrou nos últimos 40 anos. Isso significa que a população brasileira cresceu um pouco mais de duas Argentinas nas últimas quatro décadas. Segundo o IBGE, a população brasileira continuará a crescer até 2042, quando atingirá o teto máximo de 231 milhões, começando a diminuir a partir daí. As projeções indicam, para 2060, uma população de 218,3 milhões, patamar demográfico praticamente idêntico ao de 2025.
Nas duas últimas décadas, o Brasil permaneceu na condição de quinto país mais populoso do mundo, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Estima-se que, no horizonte de 2020, o Brasil perderá posições nesse ranking populacional, pois deverá ser ultrapassado pelo Paquistão, pela Nigéria e, talvez, também por Bangladesh. A responsabilidade por isso encontra-se no recuo das taxas de crescimento vegetativo.
Os recenseamentos nacionais são feitos a cada dez anos e o próximo só será realizado em 2020. Nos períodos intercensitários, especialistas em demografia fazem previsões baseadas em tendências estatísticas e pesquisas por amostragem. Como todas as previsões, elas podem se confirmar ou não –, daí, a necessidade de serem revisadas periodicamente. Projeções feitas nos anos 1970 indicavam que o Brasil atingiria a marca 200 milhões de habitantes já no ano 2000, mas a marcha de redução das taxas de crescimento vegetativo foi mais veloz do que previam, à época, os analistas.
As grandes transformações demográficas experimentadas pelo Brasil nas últimas décadas resultam da combinação de um conjunto de mudanças nas condições de vida e nos hábitos da população. O aumento da proporção de idosos reflete um envelhecimento demográfico que está entre os velozes do mundo. A forte redução da taxa de mortalidade infantil evidencia melhorias médico-sanitárias generalizadas. Historicamente, a população brasileira passou a viver mais e melhor.
A abertura do mercado de trabalho para as mulheres, o aumento da escolaridade, sobretudo da população feminina, o uso de métodos anticonceptivos e a melhoria das condições de saneamento básico são fatores que, em conjunto, reduziram de maneira expressiva tanto a mortalidade infantil quanto a fecundidade. A redução da taxa de fecundidade, observada desde meados da década de 1960, acentuou-se nos últimos anos e vem reduzindo o ritmo de crescimento populacional. Em 2007, essa taxa chegou a 2,1 filhos por mulher, o nível mínimo de reposição da população, e deverá se reduzir ainda mais.
Num sentido oposto, o IBGE identificou como fator relevante da dinâmica demográfica as mortes prematuras de jovens em decorrência de causas como acidentes de qualquer natureza e violência. Sem o incremento desse fator, a esperança de vida da população seria, hoje, dois ou três anos maior que a verificada. Mesmo assim, a expectativa de vida vem crescendo rapidamente. Em 1940, ela era de 45,5 anos; saltou para quase 73 em 2008 e deverá alcançar pouco mais de 81 anos em 2050.
O Brasil beneficia-se, ainda, de uma condição demográfica especial para o crescimento – o chamado “bônus demográfico”. Essa condição resulta da diferença muito positiva entre o contingente de população ativa e o contingente de população definida como dependente (a soma de jovens que não atingiram a idade de trabalho e idosos aposentados). Em 2000, para cada indivíduo com mais de 65 anos, existiam 12 pessoas em idade ativa. Mas essa “janela de oportunidades” deverá se fechar em 2023. Em 2050, para cada idoso haverá apenas três pessoas em idade ativa. O fenômeno demográfico causará impacto enorme nas contas da Previdência Social, caso não sejam feitas profundas reformas no sistema de aposentadorias.
Em termos regionais, como já vinha ocorrendo nas últimas décadas, todas as cinco macrorregiões do país experimentarão aumento em suas populações absolutas. Não se esperam mudanças relevantes na distribuição da população pelo território nacional pois o crescimento vegetativo é relativamente baixo em todas as regiões e não existem indícios de fluxos migratórios expressivos.
As migrações inter-regionais perderam a força e, hoje, não são nem uma sombra do que foram nas décadas de 1960, 1970 e 1980. As regiões Norte e Centro Oeste, justamente as menos populosas, continuarão a desempenhar o papel de frentes de expansão econômica e demográfica, mas atrairão contingentes migratórios relativamente pouco numerosos.
O Sudeste continuará a ser a região mais populosa, embora registre tendência a apresentar queda discreta em sua participação no total nacional. O Nordeste manterá sua posição de segunda região mais populosa do país, com pouco menos de 28% do total. Descrevendo trajetória similar à do Sudeste, o Sul apresentará pequena diminuição relativa da população, ficando em torno de 14% do total. Juntas, em 2030, as regiões Norte e Centro Oeste abrigarão pouco mais de 15% dos brasileiros.

O quadro de estabilidade repete-se na escala de análise das unidades federativas. No horizonte de 2030, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia continuarão sendo os mais populosos e, em conjunto, abrigarão cerca de 45% do total de brasileiros. As unidades federativas que galgarão mais posições no ranking populacional serão o Distrito Federal, que saltará da 20ª para a 17ª posição, e o Amazonas, que passará da 15ª para a 13ª posição. Os cinco estados menos populosos em 2010 – Rondônia, Tocantins, Amapá, Acre e Roraima – continuarão a ocupar o fim da lista em 2030.

domingo, 10 de novembro de 2013

Nigéria registra segundo maior índice de escravidão moderna na África.

A Nigéria tem o segundo maior número de pessoas em condições de escravidão moderna na África, enquanto a Mauritânia tem a maior cifra a nível mundial, segundo um estudo divulgado nesta capital.
O relatório, realizado pela fundação australiana Walk Free, calcula que na Nigéria vivem entre 670 mil e 740 mil pessoas em condições de escravidão moderna; seguido da Etiópia e da República Democrática do Congo.
A Mauritânia registra entre 140 mil e 160 mil vítimas desse fenômeno, mas sua população total é de apenas 3,8 milhões de pessoas, por isso proporcionalmente é a maior cifra mundial, assinala o estudo.
A Fundação define a escravidão moderna como um flagelo que inclui o trabalho forçado não remunerado, a servidão por dívidas, os casamentos forçados, a exploração e venda de crianças e outras práticas análogas à escravatura.

O relatório reconhece a Costa do Marfim como um dos países que mais tem trabalhado na região para combater esse mal.

Segundo o documento, nesse país existe um sistema de proteção que usa o mercado do cacau como um mecanismo para impulsionar as práticas trabalhistas e avançar para a erradicação das piores formas de trabalho infantil e forçado nesse setor.

domingo, 3 de novembro de 2013

IPCC regionaliza previsões para atrair engajamento social (Carta Maior).

O IPCC da ONU sobre Mudanças Climáticas, reafirma a constatação de que a influência humana é decisiva para as transformações em curso no sistema climático global, aumentando esta certeza para 95%. A grande novidade do documento, elaborado por 259 cientistas de 39 países, com base em cerca de nove mil estudos climáticos, é seu método de apresentação que, desta vez, optou pela regionalização das previsões e pela projeção de cenários distintos que sugerem os limites possíveis para as emissões de gases de efeito estufa. O objetivo da mudança é tornar mais próximas das pessoas as previsões, muitas vezes encaradas como genéricas e distantes da realidade local, e aumentar o engajamento social nas discussões e ações de combate às mudanças climáticas.
“Embora estes públicos possam não estar interessados em discussões científicas globais, eles podem se interessar pelas ameaças iminentes que as mudanças climáticas representam para sua própria segurança e para a segurança de seus lares, famílias e propriedades. Em uma época na qual muitos consideram as mudanças climáticas apenas como uma ameaça futura, a intenção deste sumário regional é torná-las reais, relevantes e urgentes”, diz o relatório, divulgado em 27 de setembro na cidade de Estocolmo, na Suécia. Os estudos elaborados pelo segundo GT e pelo terceiro GT do IPCC serão publicados em março e em outubro de 2014, respectivamente.
Em seu esforço para estabelecer limites às emissões e tornar mais tangíveis os números que envolvem as mudanças climáticas, o IPCC traçou quatro modelos de previsão para todo o planeta, denominados Representative Concentration Pathways, com caminhos possíveis, sempre associados à ação humana, para a concentração de gases de efeito estufa no planeta. Na previsão mais otimista, que fala na emissão de 270 bilhões de toneladas de carbono, a Terra sofrerá até 2100 um aumento de 0,3 a 1,7 grau Celsius em relação à média da temperatura terrestre observada entre 1986 e 2005.
Na previsão mais pessimista, o aumento da temperatura será de 2,6 a 4,8 graus Celsius, com a emissão de 1,69 trilhões de toneladas de carbono. Na prática, isso significará, entre outras coisas, o desaparecimento completo do gelo no Ártico durante o verão e o derretimento das grandes geleiras, das calotas polares e da Groenlândia. A consequência mais sentida desse derretimento, segundo o IPCC, será a elevação dos oceanos, que poderá ser de 26 cm a 55 cm no cenário mais otimista ou de 45 cm a 82 cm no cenário mais pessimista.
Para a brasileira Suzana Khan, que é vice-presidente do IPCC, o Quinto Relatório coloca também no debate sobre mudanças climáticas questões relativas a aspectos socioeconômicos e demográficos: “Não é simplesmente uma questão da física ou química da atmosfera, nem tampouco simplesmente de se fazer os cálculos de quanto se está emitindo e quanto a atmosfera e o oceano sofrem. Tudo isso tem uma relação muito forte com a maneira que nós consumimos, com a maneira que nós pretendemos nos desenvolver. Então, quando você trabalha com diversos cenários possíveis, todos esses aspectos passam a ser também considerados. Não só como o clima vai reagir, mas como a sociedade de uma maneira geral vai reagir a mudanças de padrão de consumo, de cultura, à aceitação de novas tecnologias. Esses cenários representativos que o IPCC tem trabalhado incorporam todos esses aspectos que não são tão técnicos, mas algo muito mais comportamental da própria sociedade”, diz.
Brasil
No caso específico do Brasil, o relatório do IPCC indica um provável aumento médio de até 5 graus Celsius na temperatura – com aumento de até 7 graus nas máximas diárias – e redução de até 30% no volume médio de chuvas do país até 2100. O relatório traz também menção especial à formação de “ilhas de calor nas zonas urbanas”, sobretudo na Região Sudeste do Brasil, onde as principais metrópoles conviverão até o fim deste século com mais de cem dias com temperaturas acima de 20 graus a cada ano.
O relatório do IPCC afirma também que a ocorrência continuada do fenômeno climático conhecido como El Niño (aumento da temperatura da água na superfície do Oceano Pacífico) poderá provocar secas com meses de duração nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Por outro lado, o fenômeno inverso, conhecido como La Niña, poderá agravar as tempestades e inundações nas regiões Sul e Sudeste do país.
Como consequências imediatas do aquecimento, o relatório aponta a diminuição da produção agrícola, a acentuada perda da biodiversidade no Cerrado, a savanização do Leste da Amazônia, o aumento das precipitações no Oeste da Amazônia e o “fim do inverno”, com aumento médio de até quatro graus naquela estação e temperaturas elevadas o ano todo. O colapso no regime de chuvas, por sua vez, provocaria crise nas usinas hidrelétricas brasileiras e no fornecimento da energia por elas gerada.
Cidades
Suzana Khan ressalta ainda a importância dada pelo relatório do IPCC à organização do enfrentamento às mudanças climáticas nas principais metrópoles do planeta: “As cidades são grandes fontes de emissão de gases de efeito estufa. Se o setor energético é um dos que mais contribuem para o aumento da temperatura, quem demanda essa energia são as próprias cidades, seja para iluminação, mobilidade e transporte ou uso residencial. Então, a forma com que estão crescendo faz das cidades grandes demandadoras de recursos naturais. Isso as torna a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa”, diz.

A vice-presidente do IPCC afirma que, por outro lado, estão também nas cidades os principais danos provocados pelas mudanças climáticas: “Há o dano onde há população. A população que mora nas cidades será muito afetada por conta desses efeitos e impactos trazidos pelas mudanças climáticas. É preciso ter um olhar cuidadoso em relação às cidades. Os governantes municipais têm que ser chamados para atuar junto ao governo federal nos planos nacionais porque quem acaba tendo que agir na ponta, realmente, são as cidades. Por isso, elas não podem ficar à parte das discussões climáticas”, diz.