sexta-feira, 31 de julho de 2015

CENTRO DA TERRA.

     
Embora as ondas sísmicas de terremotos sejam mais conhecidas por suas capacidades destrutivas, nas mãos dos geólogos elas podem ser poderosas ferramentas de descoberta. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Illinois usou as ondas geradas por terremotos para examinar mais de perto o núcleo interno do nosso planeta, e o que eles encontraram lá foi uma grande surpresa. Parece que há um outro núcleo no interior do núcleo interno que mede cerca de metade do seu diâmetro.
    O que demarca este “núcleo interno-interno” é que os cristais de ferro que ele contém são orientados em um eixo leste-oeste, ao contrário dos cristais de ferro no “núcleo exterior-interior” que se organizam ao longo de um eixo norte-sul, conforme a imagem abaixo exemplifica.


“O fato de que nós temos duas regiões que são distintamente diferentes pode nos dizer algo sobre como o núcleo interno evoluiu”, Xiaodong Song, um professor de geologia na UI, que trabalhou no projeto com o pesquisador Wang Tao, disse em um relatório sobre os resultados. “Por exemplo, ao longo da história da Terra, o núcleo interno pode ter tido uma mudança muito drástica em seu regime de deformação. Ele pode ser a chave para a forma como o planeta evoluiu.”
Embora vários componentes do núcleo interior tenham sido sugeridos antes, esta é a primeira vez que a diferença de polaridade foi observada. “De fato, a estratificação do núcleo interno tem sido sugerida mais de 10 anos atrás, tanto em profundidades rasas do núcleo interno quanto em partes mais profundas do mesmo,” Song disse.
Se toda essa conversa interior e interior-interior parece confusa, talvez uma rápida revisão em geologia seja necessária. A Terra é composta por três camadas: a crosta em que vivemos; o manto, a camada de rocha líquida; e o núcleo. O núcleo é composto por um núcleo externo líquido que contém principalmente níquel e ferro, e um núcleo interno sólido composto principalmente de ferro. Mesmo o núcleo interno é ainda mais quente do que os seus arredores, e com a intensa pressão no centro da Terra, o núcleo interno é incapaz de derreter e permanece sólido.
E agora podemos adicionar outra camada de composição ao nosso planeta: o núcleo interno do interno, que ainda é de ferro sólido, mas tem uma polaridade diferente do que o rodeia.

Para fazer a descoberta, os pesquisadores contaram com sensores sísmicos que captam as ondas que penetram o planeta após um terremoto intenso, conhecidas como coda do terremoto. [Nature]

sábado, 11 de julho de 2015

Brasil abriga 7,7 mil refugiados de 81 nações (Carta Capital publicado 04/06/2015)

Cerca de 7.700 refugiados de 81 nacionalidades vivem no Brasil, dos quais 25% são mulheres. Entre os refugiados reconhecidos pelo país, os sírios são o maior grupo, com 23% do total, seguidos pela Colômbia, Angola e a República Democrática do Congo. Há ainda estrangeiros vindos do Líbano, da Palestina, Libéria, do Iraque, da Bolívia e de Serra Leoa. Os dados são do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça, apresentados na quarta-feira 3 em mesa-redonda do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), na capital paulista.
De acordo com o Conare, em 2014, o Brasil recebeu o maior número de solicitações de refúgio da América Latina. A maioria dos pedidos foi apresentada em São Paulo (36%), no Acre (16%), Rio Grande do Sul (11%) e Paraná (7,5%). São Paulo é o estado que abriga mais solicitantes de refúgio (3.809), e a capital paulista é a cidade com maior população de refugiados (3.276), vindos principalmente da Nigéria, República Democrática do Congo, do Líbano e de Gana, pela ordem.

Segundo o diretor adjunto do Departamento de Estrangeiros e representante do Conare, Paulo Guerra, a obrigação constitucional com relação à entrada dos refugiados e a sua legalização é do governo federal, que está trabalhando para encontrar os problemas e resolvê-los. “Estamos fazendo uma análise do que precisa ser feito em termos administrativos e de gestão, e faremos o que tivermos recursos para fazer. A organização tem sido feita, mas não podemos obrigar as pessoas a ir para aonde não querem. Se elas quiserem ficar em São Paulo, eles vão ficar, e nós não temos como alterar isso”, disse.
Na avaliação do secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, o País não estava preparado para o fluxo migratório atual. São Paulo tem recebido um número alto de pessoas em busca de estrutura e tem tentado dar o acolhimento necessário. “O que mais nos preocupa hoje é a falta de documentação, a letargia do governo federal em documentar esses refugiados e nos ajudar na distribuição pelo País. Nós fazemos um apelo ao governo federal, que nos ajude a organizar esse fluxo.”
O coordenador de Políticas para Migrantes, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Paulo Illes, ressaltou que é preciso uma articulação nacional para que os imigrantes sejam documentados e possam tirar a carteira de trabalho, já que o mercado está conseguindo absorver sua mão de obra. “Nós temos feito parceria com algumas empresas que têm empregado imigrantes, inclusive para outros estados. A realidade da imigração no Brasil é tratável, mas precisa desenvolver uma política para que possamos dar uma acolhida digna”, ressaltou.
O representante do Acnur no Brasil, Andrés Ramírez, observou que é um mito pensar que a maioria dos refugiados está nos países desenvolvidos, já que 86% estão nos países em desenvolvimento. “O Brasil tem tido boa resposta do ponto de vista humanitário, ao longo de sua história, e os países que não têm uma política generosa e de portas abertas aos que precisam de apoio [têm que] aprender com o Brasil ", disse Ramírez. Segundo ele, o exemplo tem que melhorar muito, mas já pode ser um exemplo. "Essas pessoas que chegam estão apenas tentando salvar sua vida.”