EUA infectaram guatemaltecos com sífilis e outras doenças secretamente nos anos 40.
“Marta Orellana", uma das vítimas. |
O jornal britânico The Guardian publicou, na quarta-feira 8, uma reportagem trazendo depoimentos de vítimas de experimentos médicos secretos dos EUA na Guatemala, nos anos 40. Na época, o governo americano infectou órfãos, prostitutas, prisioneiros e recrutas militares guatemaltecos com sífilis, gonorréia e cancróide, sem o conhecimento das vítimas, para testar um tratamento com penicilina.
O experimento, que contaminou 1,5 mil pessoas na Cidade da Guatemala, permaneceu em segredo por mais de seis décadas. Os EUA admitiram os testes em outubro de 2010, quando a secretária de Estado, Hillary Clinton, e a secretária da Saúde, Kathleen Sebelius, fizeram uma declaração conjunta desculpando-se pela pesquisa. Segundo o Guardian, o presidente americano, Barack Obama também manifestou o mesmo sentimento ao líder da Guatemala, Alvaro Colom.
Supostas vítimas dos testes secretos entraram com uma ação de classe nos EUA, exigindo uma compensação rápida, devido aos problemas de saúde causado às vitimas e seus filhos, que podem ter sido contaminados congenitamente. O governo americano vai se reunir com o representante do grupo em agosto, mas se a negociação falhar, o caso segue para a corte do distrito de Washington onde pode levar anos para ser solucionado.
O inquérito oficial da Guatemala sobre o caso, comandado pelo vice-presidente do país, deve ser publicado em junho. Mas o país teria aceitado participar dos testes em troca de materiais para instituições carentes, entre outras solicitações
Eis alguns depoimentos das vítimas:
“Eles não me disseram porque me escolheram”, disse Orellana, que tinha quatro anos quando foi enviada a uma instituição depois que seus pais morreram. Depois da sondagem ginecológica inicial, quando ela supõe que ela foi infectada, recebia penicilina semanalmente. “Meu corpo doía e eu estava com sono, eu não queria brincar.” Pelo menos 10 outras meninas também foram escolhidas para o estudo, acrescentou.
Mateo Gudiel, 57, disse que seu pai, Manuel, 87, outro ex-recruta, tem infecções de sífilis ligadas à demência, e dores de cabeça. “Parte disso pode ter sido passada para mim, meus irmãos e nossos filhos.” As crianças podem herdar a sífilis congênita.
“Meu pai não sabia ler e o tratavam como um animal”, disse Benjamin Ramos, 57, filho de Federico, 87, um ex-soldado. “Esta foi a experiência do diabo.”
As vítimas permaneceram em grande parte desconhecidas, mas o The Guardian entrevistou as famílias dos três sobreviventes identificados até agora pela Guatemala. Eles narraram suas vidas destruídas por doenças, negligência e perguntas sem resposta. Na Guatemala, o inquérito oficial, chefiado pelo seu vice-presidente, deve publicar seu relatório em junho. “O que mais me impactou foi como pouco valor era dado a estas vidas humanas. Eles eram vistos como coisas a serem usadas”, disse Carlos Mejia, membro da comissão de inquérito e chefe do Colégio de Médicos da Guatemala.
Uma nação "civilizada", "defensora da democracia", detalhe só pediram desculpas quando a notícia foi exposta, como se isso fosse suficiente para cobrir todos os males causados por essa prática NAZISTA.
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