Os países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) acordaram nesta quinta-feira (29) estudar a criação de um banco comum de investimentos para custear recursos de infraestrutura e projetos de economia sustentável em países emergentes, segundo a declaração final da cúpula. O grupo também fechou dois pactos para fomentar o comércio em seus mercados.
Os BRICs somam mais de um quarto da superfície do planeta, mais de 43% de sua população e cerca de 27% do PIB mundial.
Os acordos, assinados em Nova Délhi durante a quarta cúpula dos Brics, permitirão alcançar pactos econômicos usando moedas locais e facilitar o reconhecimento dos títulos de crédito, com vistas a reduzir o custo das transações.
“Este novo banco de desenvolvimento tentará converter o poder econômico dos BRICs em influência diplomática coletiva. Além do banco de desenvolvimento, o objetivo é aproximar as Bolsas de Valores dos países dos BRICs e estimular o comércio nas próprias moedas”.
Em documento os BRICs rejeitaram a ação unilateral americana contra o Irã. A suspensão da compra de petróleo elevou os preços e, segundo os BRICs, isso prejudica a recuperação econômica mundial. A Rússia queria uma condenação mais forte contra os Estados Unidos, mas os outros países atenuaram a linguagem.
“Concordamos de que uma solução na Síria e no Irã só pode ser encontrada através da via do diálogo”, declarou o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, durante a leitura do comunicado final do 4° encontro de cúpula do BRICS.
A “declaração de Délhi” evoca uma “grande preocupação em torno da situação na Síria" e faz um apelo para o “fim imediato de toda violência e das violações dos direitos humanos no país”. No documento, os líderes dos BRICS também expressam o apoio unânime do bloco ao plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, para por fim à crise síria.
Os dirigentes também alertaram para uma escalada na crise com o Irã, que poderia ter “consequências desastrosas”, segundo eles. De acordo com a declaração final, o Irã tem um papel crucial a desempenhar no desenvolvimento pacífico e na prosperidade de uma região onde há fortes interesses econômicos e políticos. “Nós queremos que o Irã desempenhe seu papel como membro responsável da comunidade internacional”, diz o documento.
Em seu discurso no final do encontro, a presidente Dilma lembrou que as recentes revoltas populares no norte da África e nos países árabes demonstram a complexidade dos desafios atuais. “O Oriente Médio tem que deixar de ser o foco permanente de tensões mundiais”, declarou a presidente do Brasil denunciando as tentativas do uso da força para resolver os conflitos.
“A indiscriminada utilização de sanções econômicas e, sobretudo, de ações militares unilaterais ao arrepio do direito internacional, têm produzido uma deterioração das situações que pretendiam resolver”, afirmou.
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