Nos
últimos dez anos, entre 2001 e 2011, os 10% mais pobres do país tiveram um
crescimento de renda acumulado de 91,2%, enquanto a parcela mais rica da
população obteve nesse mesmo período um incremento de 16,6% da renda acumulada.
Portanto, a variação do aumento de ganhos reais foi 5,5 vezes (550%) mais
rápida para o décimo mais vulnerável dos brasileiros.
“Estatisticamente,
em 2011 o Brasil atingiu o menor nível de desigualdade de sua história”,
declarou nesta terça-feira, 25, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, durante a coletiva pública de
lançamento do Comunicado do Ipea nº 155 – A década inclusiva (2001-2011):
Desigualdade, pobreza e políticas de renda. O estudo, apresentado por ele
com a participação do técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto Pedro
Souza, foi elaborado a partir da recente Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) de 2011, divulgada pelo IBGE, complementado por dados
inéditos até agosto de 2012.
Marcelo
Neri afirmou que a renda em crescimento e a redução da desigualdade são o
caminho que o Brasil tem feito desde 2003. Ele também destacou que o ajuste
nominal do salário mínimo, programas sociais como o Brasil Carinhoso, Brasil
sem Miséria, Minha Casa Minha Vida e outras políticas do governo federal atuam
na mesma direção da melhoria da renda do trabalho. “Os brasileiros acham que
estão em um país, os macroeconomistas, em outro. O que é mais importante para
explicar a renda das pessoas se não a renda do trabalho?”, afirmou.
Desigualdade horizontal
A
pesquisa aponta que o combate à desigualdade horizontalizou melhorias de renda.
Nesses dez anos, pessoas que vivem em famílias chefiadas por analfabetos tiveram
88,6% de aumento da renda, contra 11,1% de decréscimo para aquelas cujo chefe
familiar possui 12 anos de instrução regular ou mais.
No
Nordeste, a renda cresceu 72,8%, já no Sudeste, região mais rica do país, essa
taxa foi de 45,8%. Entre aqueles que se consideram negros, o aumento de renda
foi de 66,3%, e a população declarada como parda obteve melhoria de 85,5% do
ganho pelo trabalho. Para os que se dizem brancos, o crescimento de renda foi
de 47,6%.
Segundo
o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a desigualdade mundial de renda caiu
em grande parte devido o crescimento da China, bastante expressivo ao longo das
últimas décadas, e da Índia, sobretudo nos anos 1990 e 2000. “Por mais que a
desigualdade dentro desses e de outros países esteja crescendo, o avanço econômico
e a melhoria de renda das suas populações têm causado o efeito mundial, pois
esses países abrigam metade dos pobres do mundo”, frisou Neri.
OBSERVAÇÃO
O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano
Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em
determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres
e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um. O valor zero representa a
situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem)
está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática,
o Índice de Gini costuma comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. No
Relatório de Desenvolvimento Humano atual elaborado pelo Pnud, (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) o Brasil
aparece com Índice de 0,485, em 2001 era 0,552.
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