Se todas as
organizações internacionais como a ONU, o PNUMA, o IPCC, o Banco Mundial,
grande parte das organizações não governamentais da área ambiental e cientistas
concordam que o crescimento populacional coloca uma pressão enorme no meio
ambiente, porque é tão difícil falar em redução da população? Se a maioria das
mulheres quer ter acesso a meios contraceptivos, porque é tão difícil falar em
planejamento familiar?
O preconceito
justificável às teses conservadoras de Malthus e as experiências mal sucedidas
e coercivas de planejamento familiar em alguns países explicam parcialmente a
aversão ao tema. O planejamento familiar voluntário e democrático não impede
que uma mulher possa ter quatro, cinco, seis filhos se ela quiser. Significa,
na verdade, que aquelas que não querem ter quatro, cinco, seis filhos poderão
escolher ter uma família menor. Ou seja, a falta de opção não significa
liberdade de escolha. Liberdade de escolha significa poder escolher entre
várias opções.
Centrar as discussões
em Malthus quando há outros autores e pensadores que falam sobre população é,
também, uma contradição. Malthus é evocado em todas as discussões que giraram
em torno do tema “população”.
Filho de um rico
proprietário de terras, Malthus se tornou pastor anglicano em 1797. Em seu
Ensaio sobre o princípio da População publicado em 1798 no início da revolução
industrial, período em que a Europa viu sua população crescer, Malthus parte do
princípio que o crescimento da população é uma força imutável da natureza para
a qual a única solução era a abstinência sexual.
Malthus acreditava que
toda assistência aos mais pobres servia apenas para que eles se reproduzissem
mais e mais. Neste sentido era favorável que os salários pagos aos
trabalhadores fossem mais baixos. Somente a guerra, a fome e a miséria poderiam
equilibrar a desproporção entre o crescimento em progressão geométrica da
população e a produção de alimentos que crescia em ritmo aritmético. As ideias
de Malthus levaram o parlamento inglês a rever, em 1834, a Poor Law, A Lei dos
Pobres, uma das primeiras experiências de transferência de renda instituída, em
1601, pela Rainha Elizabeth I, por achá-la um incentivo à preguiça.
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