Por Cadu Amaral, em seu
blog:
O coronel Carlos
Alberto Brilhante Ustra dirigiu o Destacamento de Operações de Informações –
Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi/SP)
- órgão de repressão da ditadura civil-militar de 1964, entre os anos de 1970 e
1974. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) negou que tivesse
cometido ou ordenado torturas e assassinatos. E o fez diante de advogados de
presos políticos torturados por ele e de Gilberto Natalini (PV-SP), vereador e
presidente da Comissão da Verdade da cidade de São Paulo.
O que dizer diante de
tamanha cara de pau?
Essa é a versão da
direita sobre o golpe de 1964. suas palavras à CNV são quase as mesmas que
foram escritas por Roberto Marinho em editorial de O Globo em 1984. Ustra e
Marinho afirmaram que o golpe foi dado em nome da democracia e da defesa da
moralidade.
Se fosse vivo, não
seria surpresa se Roberto Marinho publicasse um novo editorial defendendo Ustra
e sua versão fantasiosa sobre aquele terrível momento. Talvez com um título que
lembrasse a chamada de capa de 02 de abril de 1964 de O Globo. Nessa a chamada
era “Ressurge a democracia”, hoje poderia ser “em defesa da democracia”. Quem
sabe o filho do Roberto chamado João, não tenha pensado nisso.
O pior disso tudo é que
como o coronel reformado existem um sem número de pessoas, que não viveram
aquele período, inclusive, defendendo o golpe de 1964. É comum ouvir que “no
tempo dos militares é que era bom”. Uma lástima.
Ustra também afirmou
que se lutava contra “terroristas que queriam o comunismo no Brasil. Queriam
transformar o país em uma nova Cuba”. A ignorância nem sempre é uma benção. O
Brasil nunca poderia ser tornar uma “nova Cuba”. Os países são diferentes em
tamanho, cultura, história e potencial econômico. Mas há coisa lá que seria bom
que tivesse por aqui como o analfabetismo zero,ou nenhuma criança dormindo na
rua. Mas o debate não é Cuba, é o Brasil.
O país sempre se
construiu para beneficiar as elites. De aristocratas às financeiras. Quando
começou a se discutir reformas como a agrária e a questionar o papel
estadunidense no Brasil, veio o golpe. Sobre as duas balelas encruadas nas
cabeças de muita gente: defesa da democracia e combate ao comunismo.
A CNV tem que ir a
fundo nas suas investigações. Toda a podridão que está embaixo do tapete tem
que vir à tona. Inclusive a participação da “grande imprensa” no golpe de 1964.
Dos setores privados também. Não se trata de revanchismo e sim de revelação dos
fatos. Revanchismo seria se estivesse sendo defendido que figuras como Ustra
fossem postos em um pau de arara e sofresse o mesmo sofrimento que causou a –
ainda – não se sabe quantos.
Abaixo está o link para vcs assistirem e não esquecerem dessa fase triste do Brasil.
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