As 136 maiores cidades
costeiras do mundo correm um risco de sofrer perdas anuais combinadas de US$ 1
trilhão (cerca de R$ 2,393 trilhões) com enchentes até 2050 a menos que
melhorem drasticamente suas defesas, alertou um estudo.
As perdas atuais são de
US$ 6 bilhões ao ano (mais de R$ 14 bilhões), e quatro cidades - Miami, Nova
York e Nova Orleans, nos Estados Unidos, e Guangzhou, na China - respondem por
43% dos custos, destacou a pesquisa publicada na revista Nature Climate
Change.
O economista Stephane
Hallegatte, do Banco Mundial, e seus colegas criaram cenários de risco de
perdas com base no crescimento populacional das cidades, em diferentes níveis
de elevação dos oceanos, em modernizações dos sistemas de proteção e na
subsidência, ou seja, o afundamento de áreas superficiais frequentemente
vinculada à extração de petróleo ou outros recursos.
Assumindo que as
cidades vão melhorar sua proteção para manter o risco de inundações nos níveis
atuais e baseados puramente no crescimento projetado das populações das cidades
e nos bens acumulados localmente, a equipe alertou para um crescimento nove
vezes maior em perdas até US$ 52 bilhões ao ano (aproximadamente R$ 124 bilhões
anuais) até 2050.
Quando a equipe
acrescentou os efeitos da subsidência e da elevação do nível do mar induzida
pelo clima, a cifra cresce entre US$ 60 e US$ 63 bilhões ao ano (entre R$ 143
bilhões e R$ 150 bilhões).
"Sem adaptações
[de proteção contra enchentes], o aumento projetado de perdas médias até 2050 é
enorme, com perdas agregadas aumentando para mais de US$ 1 trilhão por
ano", segundo o pior cenário projetado, destacou.
No entanto, até mesmo a
melhor proteção adotada no mundo não eliminaria os riscos, advertiu o estudo.
Embora diques mais elevados sejam capazes de reduzir as inundações, a magnitude
das perdas registradas quando elas ocorrem continuará a crescer.
"Temos cada vez
mais pessoas dependentes destas proteções. Isto significa que se tivermos o
rompimento de um dique, havendo mais pessoas atrás dele, teremos catástrofes
maiores", explicou Hallegatte à AFP.
Com a melhora da
proteção, as cidades com as maiores perdas anuais projetadas até 2050 seriam a
chinesa Guangzhou, com US$ 13,2 bilhões (R$ 31 bilhões); as indianas Mumbai,
com US$ 6,4 bilhões (R$ 15,5 bilhões), e Calcutá, com US$ 3,4 bilhões (R$ 8,3
bilhões); a equatoriana Guayaquil, com US$ 3,2 bilhões (R$ 7,1 bilhões); e
Shenzhen, também na China, com US$ 3,1 bilhões (R$ 7,5 bilhões).
A sexta da lista seria
a norte-americana Miami, com perdas anuais projetadas de US$ 2,5 bilhões (R$
5,9 bilhões); seguida de Tianjin, na China, com US$ 2,3 bilhões (R$ 5,5
bilhões); Nova York, com US$ 2 bilhões (R$ 4,8 bilhões), nos Estados
Unidos; Cidade Ho Chi Minh, no Vietnã, com US$ 1,9 bilhão (R$ 4,55 bilhões);
e Nova Orleans, com US$ 1,9 bilhão (R$ 4,55 bilhões).
De acordo com
Hallegatte, sua equipe estima que seriam necessários cerca de US$ 50 bilhões ao
ano (quase R$ 120 bilhões anuais) para intensificar a proteção contra enchentes
nas 136 cidades mencionadas no estudo, um cifra "muito abaixo" das
perdas estimadas.
"Fracassar na
adaptação não é uma opção viável para as cidades costeiras", ressaltou o
estudo.
Miami área sedimentar |
Centro de Veneza durante a maré alta. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário