Cientistas do Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) reafirmaram recentemente a
gravidade das ações antrópicas como fator mais importante do aquecimento
global. Segundo esses especialistas, a concentração de dióxido de carbono (CO2)
– o principal dos gases que aceleram o efeito estufa – na atmosfera do planeta
é a maior em 800 mil anos. O aumento dos níveis de CO2 no ar é resultado,
principalmente, da queima de combustíveis fósseis. Entre 1750 e 2011, a
concentração desse gás aumentou em 40%.
Nas
últimas décadas, o país que mais emitia CO2 eram os Estados Unidos, mas que
foram ultrapassados recentemente pela China. Esses dois “gigantes emissores”
são responsáveis por quase 40% do total mundial e se a eles somarmos as
emissões da União Europeia, Rússia, Índia, Japão, Brasil e Canadá teremos 70%
do CO2 que é lançado na atmosfera.
Fonte: US Energy Infromation Administration.
Em junho de 2013, o
governo norte americano anunciou um plano para reduzir suas emissões e entre as
principais promessas feitas estão a meta de redução que consiste em cortar 3
bilhões de toneladas da emissão acumulada prevista até 2030. Isso seria obtido
através de medidas ligadas à maior eficiência energética.
Outra das promessas é a
de liberar terras da União para que lá se implantem projetos ligados à fontes
renováveis de energia, especialmente a eólica e a solar. A expectativa é que no
horizonte de 2020, cerca de 6 milhões de residências do país passem a ser
abastecidas por essas fontes.
Na matriz energética do
país, o carvão ainda possui expressiva importância e o projeto do governo visa
estabelecer um limite máximo de emissões de CO2 por megawatt de energia gerada
em usinas termelétricas movidas a esse combustível fóssil.
A proposta também
contempla a ideia de se fechar acordos com as montadoras de veículos para
fixar, até 2018, um limite máximo de emissões por milhagem, tanto para veículos
grandes como para os médios.
O plano prevê também
ampliar sistemas de consultas e cooperação bilaterais com alguns países
emergentes que têm aumentado suas emissões como são os casos da China, Índia e
Brasil, visando a redução das mesmas.
Apesar de indiscutíveis
avanços, especialmente se compararmos a postura do governo norte americano
durante a primeira década do século XXI (governo George W. Bush), inúmeros
ambientalistas criticaram o plano por não vetar a extensão do oleoduto
Keystone-XL que ligaria o Canadá ao Texas, transportando petróleo extraído das
areias betuminosas canadenses. Deve-se lembrar de que o Canadá se tornou, em
2009, o sexto maior produtor mundial de petróleo e mais da metade da produção
do país é originária das areias betuminosas. Segundo a Agência Internacional de
Energia (AIE), a produção canadense deverá quase triplicar até 2030.
Deve-se ressaltar ainda
que o Canadá também se transformou no maior exportador de petróleo para os
Estados Unidos, que representam mais de 20% do total das importações norte
americanas do “ouro negro”. O volume de petróleo que o Canadá envia para os Estados
é praticamente o dobro do que o segundo maior exportador que no caso é o
México.
Fonte: Ressources
naturelles et peuplement
Por fim, o plano
destaca a crescente importância do gás natural, hidrocarboneto que também é
poluente, mas um pouco mais “limpo” que o petróleo, produzido a partir do xisto
betuminoso, fato que vem trazendo mudanças radicais na matriz energética
mundial.
Todavia, deve-se
lembrar de que ainda não estão claramente definidos os impactos ambientais
advindos do processo de extração conhecido como fraking, especialmente sobre os
lençóis freáticos das áreas produtoras.
A extração do gás de
xisto está não só promovendo uma verdadeira revolução energética nos Estados
Unidos, mas também está lançando no mercado mundial um combustível abundante e
barato que ao mesmo tempo concorre com fontes energéticas renováveis e deve-se ressaltar
que não é isento de emissões.
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