Milton Santos ensinou-nos que a Geografia é uma filosofia das técnicas e que tem uma imensa contribuição a dar para a compreensão da sociedade e, com ela, olhar de frente e otimista para este período popular da história em que vivemos. Tempo de esperança no mundo novo que se forja, com a participação efetiva da maioria pobre, com suas maravilhosas estratégias de sobrevivência e de vida. Mundo novo e ainda incompreensível. Mundo solidário desses homens pobres e lentos que dominam o planeta.
Sua obra, ainda pouco conhecida e estudada no Brasil, revoluciona não apenas a Geografia, mas as ciências humanas e sociais. Com sua genial conceituação sobre o espaço geográfico, esse sistema indissociável de objetos e ações, Milton nos dá a possibilidade de compreender sobre a totalidade-mundo. Revisita a Geografia e oferece, especialmente aos geógrafos brasileiros, a possibilidade ímpar de aprofundar o conhecimento sobre o nosso país, oferecendo-nos uma preciosidade que é a compreensão, neste gigante continental, do território como abrigo de todos os homens, ou o espaço banal e o território como recurso para os interesses hegemônicos e para as políticas levadas a efeito no Brasil de hoje. Compreender a formação territorial a partir desses conceitos é oferecer à sociedade um texto geográfico rigoroso, que poderá fundamentar um discurso político vigoroso.
A Geografia jamais poderá ser a mesma depois da obra de Milton Santos. Persistir entendendo-a como "física" relacionando sociedade e natureza é ignorar o movimento do mundo, explicado não apenas pelos geógrafos, mas pelas ciências, em geral; é ignorar a história dos homens.
A Geografia perde seu grande filósofo; a Universidade, seu mais destacado, dedicado e competente professor e intelectual. Viva Milton Santos, um cidadão do mundo que nos deixa a esperança como herança!
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