segunda-feira, 11 de julho de 2011

ONU alerta para drama de somalis que não conseguem fugir de seca


Região conhecida como Chifre da África vive a pior seca registrada nos últimos 60 anos. A ONU alertou para a grave situação de milhares de pessoas passando fome na Somália e disse que as que conseguiram fugir para a Etiópia tiveram "sorte".


Uma porta-voz do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla em inglês), Judith Schuler, disse à BBC que milhares de pessoas estão fugindo da seca na Somália e alcançando campos de refugiados na Etiópia. Ela disse estar preocupada com aqueles que, por pobreza ou sem condições de fazer a longa jornada pelo deserto, estão ficando para trás.
A região conhecida como Chifre da África - situada no nordeste do continente e abrangendo a Somália, Etiópia, Eritreia, Quênia, Uganda, Djibuti e Sudão - vive a pior seca dos últimos 60 anos.
Segundo o WFP, mais de 110 mil pessoas chegaram aos campos já lotados, situados na localidade remota de Dolo Ado, no sudeste da Etiópia. Outros 1.600 estão cruzando a fronteira da Etiópia diariamente.
Schuler disse ter ficado impressionada ao conversar com uma refugiada. "Ela me disse: 'Chegamos aqui e temos sorte. Muitos não tiveram condições financeiras de fazer a viagem e simplesmente ficaram para trás'".
Refletindo sobre a situação dos que ficaram, Schuler comentou:
"Muitos deles vão provavelmente lutar pela sobrevivência da forma como puderem, com os poucos recursos que lhes restam". A porta-voz disse que os que conseguem alcançar o campo, por outro lado, chegam em condições terríveis.
"Todos estão exaustos", disse Schuler. "Muitos caminharam durante oito ou dez dias. Alguns viajaram quatro dias de caminhão e depois andaram por três dias".
Segundo a porta-voz, os refugiados relatam que o que dificulta a viagem é a falta de comida.
"(Os viajantes) não tinham o que comer, tiveram de pedir esmolas para conseguir comida. E você vê que estão em estado grave de desnutrição, especialmente as crianças".
Sabemos que essas pessoas precisam desesperadamente de comida, por isso estamos fazendo o possível para ajudar.
Suprimentos
A operação de transporte de alimentos para os campos em Dolo Ado envolve uma longa e perigosa jornada. Cerca de 50 caminhões fazem a viagem, que dura dez dias, a cada mês. Os alimentos são trazidos de Djibuti até os campos, próximos da fronteira com o Quênia.
Em maio, dois veículos foram atacados por rebeldes. Uma pessoa foi morta e outra ficou ferida. Outras duas foram sequestradas, mas acabam de ser libertadas.
Crise
Segundo a ONU, mais de dez milhões de pessoas estão sendo afetadas pela seca no Chifre da África.
No caso da Somália, conflitos políticos já vinham provocando a fuga de cidadãos rumo ao Quênia. Mas a forte temporada de secas e a alta no preço dos alimentos dificultaram ainda mais a situação de milhões de somalis.
O país é palco de um confronto entre o grupo islâmico Al-Shabab e um governo de transição, que tem o apoio das tropas de paz da União Africana.
O alto comissário da ONU para os refugiados, António Guterres, considerou neste domingo (10/07)que a seca na Somália é o pior desastre humanitário no globo, enquanto visitava o maior campo de refugiados do mundo, em Dadaab, no Quénia.
Os grandes culpados por essa situação de pobreza extrema e conflitos são as potencias européias que sugaram e sugam os recursos naturais da África. Não podemos esquecer as Nações bipolares durante a famigerada Guerra Fria também  tiveram a sua parcela de culpa.

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