Na quarta feira, a bolsa de Madrid continuou a afundar
caindo 2,58%, enquanto a taxa de juro dos títulos da dívida soberana chegou aos
6,703%, muito próxima dos valores que levaram aos pedidos de resgate da Grécia,
da Irlanda e de Portugal. A taxa de risco de Espanha, diferencial entre a taxa
da dívida de Espanha e a da Alemanha, chegou a 540 pontos, o mais elevado da
história.
Na terça feira, o governador do Banco de Espanha Miguel
Ángel Fernández Ordóñez (MAFO), destacado quadro do PSOE, pediu a antecipação
do fim do seu mandato de 12 de julho para 10 de junho, depois do PP se ter
oposto à sua ida ao Congresso de Madrid, que tinha sido proposta por ele, para
dar explicações sobre o Bankia e a crise bancária.
Também na terça feira, foi noticiado pelo Financial Times
que o Banco Central Europeu (BCE) recusara o plano do governo PP para o Bankia,
de injeção de 19 bilhões de euros para salvar a entidade, através de novos
títulos de dívida pública, que podiam ser usados como garantia em operações
interbancárias ou no BCE.
De acordo com o Financial Times, o BCE teria respondido ao
governo de Rajoy que é necessária uma injeção de capital adicional no Bankia,
mas que o seu plano está próximo da violação da norma da UE sobre o
financiamento monetário dos Estados. O jornal conclui que “a recusa do BCE torna
as coisas difíceis à insistência de Madrid de que a única solução para esta
crise que está a fazer aumentar os seus custos de financiamento é que o BCE se
converta num prestamista de último recurso para os Governos”.
Na quarta feira, o governo de Espanha disse que não
apresentou nenhum plano e o BCE declarou que não analisou nenhum plano e não
tem posição sobre o plano do governo de Espanha para recapitalizar um grande
banco. De acordo com o site do jornal “El Pais” desta quarta feira, “a comissão
europeia defende uma união bancária e o uso direto do fundo de resgate para
salvar a banca” e “dará mais um ano a Espanha para cumprir o déficit previsto
em troca de mais sacrifícios”.
Entretanto, o governo e o PP opõem-se tenazmente e tentam
tudo por tudo para impedir o debate do caso Bankia no Congresso de Madrid,
perante o silêncio do PSOE e do seu secretário-geral Alfredo Rubalcaba. A
Izquierda Unida propôs a criação de uma comissão de inquérito ao escândalo
Bankia, mas o PP opõe-se. Os maiores responsáveis do caso são destacados
quadros do partido governamental.
Enquanto governo e UE parecem preparar novas medidas de
austeridade, são conhecidos vários casos de indenizações milionárias a
diretores de entidades resgatadas pelo governo e, portanto, com dinheiros
públicos. Segundo o El Pais, “são responsáveis diretos, com a conivência das
camarilhas políticas regionais, das maiores falências da história do sistema
financeiro espanhol. Financiaram projetos urbanísticos especulativos, obras
públicas ruinosas como aeroportos vazios, alimentaram esquemas de corrupção e
até chegaram a falsear as contas”.
O jornal cita diversos casos, entre os quais: Aurélio
Izquierda, diretor-geral do Banco de Valência, filial da Bancaja, que recebeu
14 milhões de euros em pensões e indenização de pré-aposentadoria. Miguel
Blesa, ex-presidente da Caja Madrid, que recebeu uma indenização de 2,8 milhões
de euros, Rodrigo Rato 1,2 milhões de euros, José Luis Pego, diretor da
Novacaixagalicia durante nove meses, 18,5 milhões.
A economia de Espanha afunda-se com uma taxa de desemprego
superior a 25% e com o número de desempregados a superar os 5 milhões de
pessoas. O austeritarismo imposto pela UE e pelo FMI não resolve e aprofunda a
crise bancária, provocada pelo estouro da bolha da especulação imobiliária. A
dívida de Espanha atinge uma situação próxima da que levou aos pedidos de
resgate de Grécia, Irlanda e Portugal. Porém, o país é muito grande para ser
resgatado.
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