A incerteza mundial
trouxe novas condicionalidades à agenda do desenvolvimento na América do Sul.
Vive-se uma corrida contra o tempo. A crise legitimou o descolamento
progressista anterior em relação ao torniquete dos mercados desregulados. Mas a
travessia inconclusa enfrenta agora o icebergue das dificuldades trazidas pela
implosão da ordem neoliberal. A volatilidade financeira e a retração do
comércio externo cobram um novo pacto político de crescimento. Investimentos
são requeridos para integrar infraestruturas e associar cadeias produtivas.
Está em jogo o
gigantesco impulso industrializante representado pelo mercado de massa
regional, cobiçado pelo mundo rico em crise. Com a adesão da Venezuela, o
Mercosul passa a ser a quinta economia mundial; reúne uma população de 270
milhões de habitantes (70% da América do Sul); um PIB de US$ 3 trilhões (mais
de 80% do PIB sul-americano). Até que ponto os países dispõem de coesão
política e estrutura estatal para ordenar essa travessia sob a ótica do
interesse público? O Brasil está apto a ser o guarda-chuva aglutinador do
processo? A quem cabe a iniciativa do novo ciclo?
Na Argentina, a direita
acusa Cristina Kirchner de rumar para um capitalismo de Estado que pretende
determinar o que as empresas devem produzir, em que quantidade, a que preço e
com que taxa de lucro. No Brasil, setores da esquerda criticam Dilma Rousseff
por uma suposta guinada privatista: o pacote de infraestrutura anunciado esta
semana, US$ 65 bi de obras em concessões ao setor privado, prescreve extamente
onde investir, quanto, a que prazo e com que taxa de retorno (leia mais aqui) .
Tensões internas e
geopolíticas vão se acirrar nas escolhas estratégicas colocadas na mesa dos
governantes e das instâncias regionais de agora em diante. O relógio da crise
não admite hesitações: é hora de um novo ciclo na história regional.
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