O Relatório de Desenvolvimento
2012, divulgado nesta quinta-feira (14/03) pelo Pnud (Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), aponta que o Brasil deve investir em "políticas
educacionais ambiciosas" para mudar sua demografia.
Com o envelhecimento da população
brasileira, o país deverá se preocupar com o aumento do número de pessoas
economicamente dependentes (crianças e idosos) em relação à população ativa.
Segundo o relatório da ONU, melhorias nos índices educacionais do país podem,
entre outras coisas, reduzir mais a taxa de natalidade da população e, assim,
desacelerar o crescimento da população dependente.
A mesma recomendação é feita para
países como Bangladesh, Chile, China, Gana, Índia e Turquia.
Na 85ª posição do ranking, a
média de escolaridade brasileira é de 7,2 anos. Nos países de elevado
desenvolvimento, mesma classificação do Brasil, a média é de 8,8 anos, e nos
países de muito elevado IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é de 11,5 anos.
Na comparação com outros países
latino-americanos, o aluno brasileiro tem, em média, menos anos de estudo que o
estudante mexicano (8,5 anos), colombiano (7,3 anos) ou a média do
latino-americano (7,8 anos).
Entretanto, a expectativa de
escolaridade do brasileiro é maior (14,2 anos): México (13,7 anos), Colômbia
(13,6 anos) ou América Latina (13,9 anos). Em países de alto nível de IDH, a
expectativa de escolaridade média é de 16,3 anos
Investimentos e resultados
Os investimentos em educação
aumentaram. O valor passou de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em
2000 para 5,7% do PIB, no período entre 2005 e 2010. O percentual é maior do
que a média de investimentos de países com alto nível de IDH, que gastam 5,1%
de seu PIB com educação.
No entanto, o desempenho dos
alunos brasileiros em testes de leitura, matemática e ciência ainda está muito
aquém do encontrado em países da OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico). Enquanto os estudantes brasileiros de 15 anos
conseguiram 412 pontos em testes de leitura, a média em países da OCDE é de 493
pontos. Em matemática, o pior desempenho, os brasileiros fizeram 386 pontos
frente aos 495 pontos de estudantes em países da OCDE.
Divergência de dados
O Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais) questiona os dados usados pelo Pnud na
composição do IDH. Em nota, o órgão afirma que "os dados utilizados no cálculo
são defasados para o Brasil e diferenciados entre os países". Os dados utilizados foram de 2005.
"Além de usarem dados
antigos, é importante ressaltar que há um problema de classificação",
afirmou Luiz Cláudio Costa, presidente do Inep, "Em outros países, as
crianças com cinco anos na escola estão consideradas. Como no Brasil usamos a
classificação de pré-escola, que é a classe de alfabetização, há 1,8 milhão de
crianças matriculadas que estão fora do índice". O ensino é obrigatório a partir dos 6 anos de idade no Brasil.
O Inep afirma também que a
expectativa de escolaridade apontada pelo relatório não considera a mudança no
currículo escolar do país, que passou de 8 anos de ensino fundamental para 9
anos. Assim, segundo o órgão, ficaram fora da conta outros 2,8 milhões de
matrículas.
O órgão deve ter discussões
técnicas com o Pnud para que sejam mudados os critérios em relação às pesquisas
educacionais brasileiras.
Apesar das discussões houve um crescimento de 24% no
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil está entre os 15 países que
mais conseguiram reduzir o déficit no índice que mede o desenvolvimento humano
de cada país.
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