O Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a população brasileira atingiu,
no primeiro dia de julho de 2013, a marca de 201.032.174 habitantes. A barreira
simbólica de 200 milhões teria sido superada no dia 2 dezembro de 2012. O órgão
também divulgou dados e projeções demográficas até 2060, uma informação de suma
importância, tanto para planejadores do governo quanto para investidores da
iniciativa privada.
O primeiro recenseamento
realizado no Brasil data de 1872. Ele indicava que o contingente demográfico do
país era de quase 10 milhões de habitantes. Cerca de um século depois, a
população atingiu a marca de 100 milhões, número que dobrou nos últimos 40
anos. Isso significa que a população brasileira cresceu um pouco mais de duas
Argentinas nas últimas quatro décadas. Segundo o IBGE, a população brasileira
continuará a crescer até 2042, quando atingirá o teto máximo de 231 milhões,
começando a diminuir a partir daí. As projeções indicam, para 2060, uma
população de 218,3 milhões, patamar demográfico praticamente idêntico ao de 2025.
Nas duas últimas
décadas, o Brasil permaneceu na condição de quinto país mais populoso do mundo,
atrás de China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Estima-se que, no horizonte
de 2020, o Brasil perderá posições nesse ranking populacional, pois deverá ser
ultrapassado pelo Paquistão, pela Nigéria e, talvez, também por Bangladesh. A
responsabilidade por isso encontra-se no recuo das taxas de crescimento
vegetativo.
Os recenseamentos
nacionais são feitos a cada dez anos e o próximo só será realizado em 2020. Nos
períodos intercensitários, especialistas em demografia fazem previsões baseadas
em tendências estatísticas e pesquisas por amostragem. Como todas as previsões,
elas podem se confirmar ou não –, daí, a necessidade de serem revisadas
periodicamente. Projeções feitas nos anos 1970 indicavam que o Brasil atingiria
a marca 200 milhões de habitantes já no ano 2000, mas a marcha de redução das
taxas de crescimento vegetativo foi mais veloz do que previam, à época, os
analistas.
As grandes
transformações demográficas experimentadas pelo Brasil nas últimas décadas
resultam da combinação de um conjunto de mudanças nas condições de vida e nos
hábitos da população. O aumento da proporção de idosos reflete um
envelhecimento demográfico que está entre os velozes do mundo. A forte redução
da taxa de mortalidade infantil evidencia melhorias médico-sanitárias
generalizadas. Historicamente, a população brasileira passou a viver mais e
melhor.
A abertura do mercado
de trabalho para as mulheres, o aumento da escolaridade, sobretudo da população
feminina, o uso de métodos anticonceptivos e a melhoria das condições de
saneamento básico são fatores que, em conjunto, reduziram de maneira expressiva
tanto a mortalidade infantil quanto a fecundidade. A redução da taxa de
fecundidade, observada desde meados da década de 1960, acentuou-se nos últimos
anos e vem reduzindo o ritmo de crescimento populacional. Em 2007, essa taxa
chegou a 2,1 filhos por mulher, o nível mínimo de reposição da população, e
deverá se reduzir ainda mais.
Num sentido oposto, o
IBGE identificou como fator relevante da dinâmica demográfica as mortes
prematuras de jovens em decorrência de causas como acidentes de qualquer
natureza e violência. Sem o incremento desse fator, a esperança de vida da
população seria, hoje, dois ou três anos maior que a verificada. Mesmo assim, a
expectativa de vida vem crescendo rapidamente. Em 1940, ela era de 45,5 anos;
saltou para quase 73 em 2008 e deverá alcançar pouco mais de 81 anos em 2050.
O Brasil beneficia-se,
ainda, de uma condição demográfica especial para o crescimento – o chamado
“bônus demográfico”. Essa condição resulta da diferença muito positiva entre o
contingente de população ativa e o contingente de população definida como
dependente (a soma de jovens que não atingiram a idade de trabalho e idosos
aposentados). Em 2000, para cada indivíduo com mais de 65 anos, existiam 12
pessoas em idade ativa. Mas essa “janela de oportunidades” deverá se fechar em
2023. Em 2050, para cada idoso haverá apenas três pessoas em idade ativa. O
fenômeno demográfico causará impacto enorme nas contas da Previdência Social,
caso não sejam feitas profundas reformas no sistema de aposentadorias.
Em termos regionais,
como já vinha ocorrendo nas últimas décadas, todas as cinco macrorregiões do
país experimentarão aumento em suas populações absolutas. Não se esperam
mudanças relevantes na distribuição da população pelo território nacional pois
o crescimento vegetativo é relativamente baixo em todas as regiões e não
existem indícios de fluxos migratórios expressivos.
As migrações
inter-regionais perderam a força e, hoje, não são nem uma sombra do que foram
nas décadas de 1960, 1970 e 1980. As regiões Norte e Centro Oeste, justamente
as menos populosas, continuarão a desempenhar o papel de frentes de expansão
econômica e demográfica, mas atrairão contingentes migratórios relativamente
pouco numerosos.
O Sudeste continuará a
ser a região mais populosa, embora registre tendência a apresentar queda
discreta em sua participação no total nacional. O Nordeste manterá sua posição
de segunda região mais populosa do país, com pouco menos de 28% do total.
Descrevendo trajetória similar à do Sudeste, o Sul apresentará pequena
diminuição relativa da população, ficando em torno de 14% do total. Juntas, em
2030, as regiões Norte e Centro Oeste abrigarão pouco mais de 15% dos
brasileiros.
O quadro de
estabilidade repete-se na escala de análise das unidades federativas. No
horizonte de 2030, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e
Bahia continuarão sendo os mais populosos e, em conjunto, abrigarão cerca de
45% do total de brasileiros. As unidades federativas que galgarão mais posições
no ranking populacional serão o Distrito Federal, que saltará da 20ª para a 17ª
posição, e o Amazonas, que passará da 15ª para a 13ª posição. Os cinco estados
menos populosos em 2010 – Rondônia, Tocantins, Amapá, Acre e Roraima –
continuarão a ocupar o fim da lista em 2030.