Neste texto são oferecidas algumas dicas sobre o uso de
charges políticas no Enem, além da análise de uma questão de 2012.
As charges, ou cartuns,
aparecem com frequência nas provas de Ciências Humanas do Enem
Algumas dicas
referentes ao uso de charges políticas no Enem, bem como a análise
de uma questão do Enem de 2012 exatamente sobre esse tema.
O Enem, assim como
outros processos seletivos e vestibulares, não elabora suas questões usando
apenas textos como ponto de partida. Geralmente, há o emprego de outras
linguagens, como a fotografia, a pintura, os mapas e os gráficos. Pois bem, a charge, com
certa frequência, também figura entre essas linguagens utilizadas no Enem. Por
isso é necessário compreender o que é a charge e como ela consegue transmitir
ideias e opiniões de forma diferente de um texto escrito.
O termo charge vem do
francês e significa “carga”, no sentido de concentração de algo ou alguma
coisa. Na língua inglesa, a palavra que designa esse tipo de desenho é cartoon
(ou cartum, como normalmente é escrita em português), que significa esboço,
desenho esboçado, entre outros. Sendo assim, o desenho da charge (ou cartum)
geralmente concentra uma crítica moral, política ou cultural em sua estrutura.
O chargista (desenhista profissional), portanto, procura sintetizar uma ideia
em seu desenho. Às vezes o desenho da charge pode estar acompanhado de uma
mensagem escrita, que objetiva reforçar a crítica, mas isso não é regra geral.
O humor, a sátira e a ironia dão a tônica da charge. Sob o aspecto
cômico reside a crítica.
O desenho da charge,
desde o século XIX, tem como espaço de desenvolvimento a imprensa, ou seja,
jornais e revistas, e funciona como um complemento às colunas de opinião desses
veículos de informação. Do mesmo modo que uma crônica ou uma coluna podem
valer-se da ironia para criticar algo, a charge também o faz através da
linguagem do desenho. As variações do desenho da charge são, de forma geral, a tira (ou
tirinha), que divide os desenhos e quadros de ação, como em uma história em
quadrinhos bem curta, e a caricatura, que exagera alguns aspectos
da personalidade satirizada.
No Brasil, um dos
primeiros chargistas a ter destaque foi o italiano Angelo
Agostini (1843-1910), que ridicularizou grandes personalidades políticas
brasileiras, como Dom Pedro II. No século XX, especialmente a partir dos anos
1960, a charge ganhou o gosto popular, e alguns chargistas tornaram-se muito
conhecidos, como aqueles que trabalharam na Revista O Cruzeiro e no jornal O
Pasquim, como Jaguar, Fortuna, Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, Claudius,
entre outros.
Nos vestibulares e no
Enem, o uso da charge objetiva explorar algum aspecto de crítica de cunho
social e político. Sendo assim, a charge política, com viés tipicamente
político, está mais amplamente presente nas provas. É o caso da prova da área
de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Enem de 2012. Abaixo vocês podem
conferir a questão de número 08, do caderno azul, número 1. A alternativa
correta está marcada na cor verde:
Questão do Enem de 2012 que fez uso de uma charge
Reparem
que a questão está estruturada a partir de uma charge, ou cartum, de 1932,
referente ao líder indiano Mahatma
Gandhi. A questão exige que o candidato assinale a alternativa que
corresponde àquilo que a charge demonstra com relação ao contexto das prisões
de Gandhi na Índia. Observando bem a imagem, percebe-se a figura de Mahatma
Gandhi atrás das grades e, diante dele, um guarda com uma chave prestes a abrir
o cadeado que prende o líder, pressionado que está por uma multidão de “outros
Gandhis”. As prisões de Gandhi ocorreram em virtude de seus protestos pela
independência da Índia na primeira metade do século XX. A única alternativa que
corresponde à leitura exata da charge é a letra D, que está
correta.
Dessa
forma, é importante prestar muita atenção na forma como o desenho está
organizado, pois é nessa forma que reside a mensagem do chargista. Não importa
o contexto histórico abordado, o cartum ou a charge sempre terão que ser bem
interpretados para não se esbarrar em ambiguidades que impeçam um bom
desempenho na prova.
Nenhum comentário:
Postar um comentário