segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O capitalismo global está destruindo a raça humana (e o planeta Terra).

CARTA  MAIOR: Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. Ele levou a ganância a um patamar de força determinante da história.






          A teoria econômica ensina que os movimentos financeiros a preços e lucros livres garantem que o capitalismo produz o maior bem-estar para o maior número de pessoas. Perdas indicam atividade econômica em que os custos excedem o valor da produção, de modo que investimentos nestas áreas devem ser restritos. Lucros indicam atividades em que o valor de produção excede o custo, que fazem o investimento crescer. Os preços indicam a escassez relativa e o valor das entradas e saídas, servindo assim para organizar a produção mais eficientemente.
          Essa teoria não é o que funciona quando o governo dos EUA socializa custos e privatiza lucros, como vem sendo feito com o apoio do Banco Central aos bancos “grandes demais para quebrarem” e quando um punhado de instituições financeiras concentram tamanha atividade econômica. Bancos “privados” subsidiados não são diferentes das outrora publicamente subsidiadas indústrias da Grã Bretanha, França, Itália e dos países então países comunistas. Os bancos impuseram os custos de sua incompetência, ganância e corrupção sobre os contribuintes.
     Na verdade, as empresas socializadas na Inglaterra e na França eram dirigidas mais eficientemente, e nunca ameaçavam as economias nacionais, menos ainda o mundo inteiro de ruína, como os bancos privados dos EUA, os “grandes demais para quebrar” o fazem.  Os ingleses, franceses e os comunistas nunca tiveram 1 bilhão de dólares anuais, para salvar um punhado de empresas financeiras corruptas e incompetentes.
        Isso só ocorre no “capitalismo de livre mercado”, em que capitalsitas, com a aprovação da corrupta Suprema Corte dos EUA, pode comprar o governo, que os representa, e não o eleitorado. Assim, a tributação e o poder de criação de dinheiro do governo são usados para bancar poucas instituições financeiras às custas do resto do país. É isso o que significa “mercados autorregulados”.
Há muitos anos, Ralhp Gomery alertou que os danos para os trabalhadores estadunidenses dos empregos no exterior seriam superados pela robótica. Gomery me disse que a propriedade de patentes tecnológicas é altamente concentrada e que as inovações tornaram os robôs cada vez mais humanos em suas capacidades. Consequentemente, a perspectiva para o emprego humano é sombria.
          As palavras de Gomory reverberam em mim quando leio o informe da RT, de 15 de fevereiro último, com especialistas de Harvard que construíram máquinas móveis programadas com termos lógicos de auto-organização e capazes de executarem tarefas complexas sem direção central ou controle remoto.
       A RT não entende as implicações. Em vez de levantar uma bandeira vermelha, a RT se entusiasma: “as possibilidades são vastas. As máquinas podem ser feitas para construir qualquer estrutura tri-dimensional por si sós, e com mínima instrução. Mas o que é realmente impressionante é a sua capacidade de adaptação ao seu ambiente de trabalho e a cada um deles; para calcular perdas, reorganizar esforços e fazer ajustes. Já está claro que o desenvolvimento fará maravilhas para a humanidade no espaço, e em lugares de difícil acesso e em outras situações difíceis”.

           Do modo como o mundo está organizado, sob poucos e imensamente poderosos e gananciosos interesses privados, a tecnologia nada fará pela humanidade. A tecnologia significa que os humanos não serão mais requeridos na força de trabalho e que os exércitos de robôs sem emoção tomarão o lugar dos exércitos humanos e não há qualquer remorso quanto a destruir os humanos que os desenvolveram. O quadro que emerge é mais ameaçador que as previsões de Alex Jones. Diante da pequena demanda por trabalho humano, muito poucos pensadores preveem que os ricos pretendem aniquilar a raça humana e viver num ambiente dentre poucos, servidos por seus robôs. Se essa história ainda não foi escrita como ficção científica, alguém deveria se dedicar a fazê-lo, antes que se torne algo comum da realidade.
          Os cientistas de Harvard estão orgulhosos de sua conquista, assim como sem dúvida estavam os participantes do Projeto Manhattan, em relação à conquista por terem produzido uma arma nuclear. Mas o sucesso dos cientistas do Projeto Manhattan não foi muito bom para os residentes de Hiroshima e Nagasaki, e a perspectiva de uma guerra nuclear continua a lançar uma nuvem negra sobre o mundo.
          A tecnologia de Harvard provará que é inimiga da raça humana. Esse resultado não é necessário, mas os ideólogos do livre mercado pensam que qualquer planejamento ou antecipação é uma interferência no mercado, que sempre sabe melhor (daí a atual crise financeira e econômica). A ideologia do livre mercado alia-se ao controle social e serve a interesses de curto prazo de gananciosos grupos privados. Em vez de ser usada para a humanidade, a tecnologia será usada para o lucro de um punhado.
            Essa é a intenção, mas qual é a realidade? Como pode haver uma economia de consumo se não há emprego? Não pode, que é o que estamos aprendendo gradativamente com a exportação de empregos pelas corporações globais, para o exterior. Por um período limitado uma economia pode continuar a funcionar na base de empregos de meio turno, rebaixamento de salários, cartões de benefícios sociais – de segurança alimentar e auxílio-desemprego.
Quando a poupança cai, no entanto, quando os políticos sem coração que demonizam os pobres cortam esses benefícios, a economia deixa de produzir mercado para consumir os bens importados que as corporações trazem para vender.
             Aqui vemos o fracasso total da mão invisível de Adam Smith. Cada corporação em busca de vantagens gerenciais maiores, determinadas pelos lucros obtidos em parte pela produção da destruição do mercado consumidor dos EUA e da miséria maior de todos.
A economia smithiana aplica-se a economias nas quais os capitalistas têm algum sentido de vida comum com outros cidadãos do país, como o tinha Henry Ford.
           Algum tipo de pertencimento a um país ou a uma cidade. A globalização destrói esse sentido. O capitalismo evoluiu ao ponto em que os interesses econômicos mais poderosos, os interesses que controlam o próprio governo, não têm sentido de obrigação com o país nos quais seus negócios estão registrados. Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já teve diante de si.
            O capitalismo internacional levou a ganância a um patamar de força determinante da história. O capitalismo desregulado e dirigido pela ganância está destruindo as perspectivas de emprego no mundo desenvolvido e no mundo em desenvolvimento, cujas agriculturas se tornaram monoculturas para exportação a serviço dos capitalistas globais, para alimentarem a si mesmos. Quando vier a quebradeira, os capitalistas deixarão “a outra” humanidade à míngua.

Enquanto isso, os capitalistas declaram, em seus encontros de cúpula, “que há muita gente no mundo”.
(*) Diretor do Institute for Political Economy. Versão original do artigo aqui.

(**) Tradução: Louise Antônia León

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Aquecimento Global pode aumentar casos de tempestades?

Climatologistas do Instituto de Tecnologia de Massaschussetts (MIT, na sigla em inglês) e da Universidade de Princeton avaliaram que o aquecimento global vai aumentar fortemente a frequência de catástrofes naturais como esta, que poderão ocorrer a cada três ou vinte anos, segundo seus cálculos.
Projeções
          Estes cientistas combinaram quatro modelos climáticos para fazer uma simulação informática de tempestades recentes (de 1981 a 2000) e suas projeções no futuro (de 2081 a 2100) em um raio de 200 km no entorno de Nova York, criando um total de 45.000 tempestades virtuais.
 Aquela que corresponde atualmente à tempestade do século provoca uma elevação do nível das águas de dois metros, em média, em Nova York. Até 2100, um evento como estes ocorreria a cada três ou vinte anos, segundo os resultados, publicados na revista científica britânica "Nature Climate Change".
         A cada 500 anos, em média, a região vive um episódio ainda mais intenso que provoca uma elevação de três metros no nível das águas. Até o fim do século XXI, esta frequência diminuiria para 25 a 240 anos, afirmaram. Tanto em um caso quanto no outro, o mar inundaria facilmente os diques de Manhattan, que atualmente medem 1,5 metro, destacaram os estudiosos.

Outro estudo climático de 2015 diz o seguinte:
A interferência do aquecimento global no ciclo da água –evaporação, condensação e precipitação – deve fazer com que tempestades sejam menos frequentes, sugere um novo estudo publicado na revista "Science". Elas ficariam, porém, mais intensas. A conclusão, que já desperta discórdia na comunidade científica, foi publicada nesta quinta-feira.
Os pesquisadores analisaram o comportamento da atmosfera como se ela fosse um motor –capturando calor para gerar movimento. O aumento da quantidade de vapor d'água no planeta, uma das consequências da mudança climática, deverá fazer os ventos da circulação atmosférica da Terra perderem força.

Cientistas já estimavam que o aquecimento global seria uma má notícia em termos de intensidade dos eventos de chuva. Como o vapor é um combustível para tempestades, isso era de se esperar. Mas a interferência da mudança climática sobre a frequência desses eventos em um planeta mais quente ainda era uma questão em aberto. Veja esquema abaixo:

domingo, 10 de janeiro de 2016

A Sociedade do Cansaço

Como viver, que sintomas, que doenças estão nos marcando hoje? Que mudanças e aprendizagens são mais importantes? São perguntas do livro “A Sociedade do Cansaço” de Byung-Chul Han.
Byung-Chul Han é sul-coreano. Depois de estudar Metalurgia no seu país natal, rumou à Alemanha, onde se doutorou em Filosofia, sendo atualmente professor na Universidade de Artes de Berlim. É sobre a sua obra “A Sociedade do Cansaço” que vamos falar um pouco.

“Consideremos, em primeiro lugar, a sociedade do cansaço. Efetivamente, a aceleração do processo histórico e a multiplicação de sons, de mensagens, o exagero de estímulos e comunicações, especialmente pelo marketing comercial, pelos celulares com todos os seus aplicativos, a superinformação que nos chega pelas mídias sociais, nos produzem, dizem estes autores, doenças neuronais: causam depressão, dificuldade de atenção e uma síndrome de hiperatividade. Efetivamente, chegamos ao fim do dia estressados e desvitalizados. Nem dormimos direito, desmaiamos.” (Leonardo Boff).

A sociedade ocidental do século XXI é uma sociedade marcada pelas doenças neuronais – depressão, stress, hiperatividade, déficit de atenção (repare-se nas crianças!). Estas doenças ocupam hoje o lugar antes ocupado por doenças bacterianas e virais, como a tuberculose e a gripe. Mas as doenças bacterianas e virais consistem essencialmente em elementos externos (bactérias, vírus) que afetam o nosso corpo, e aos quais podemos levantar defesas; já as doenças neuronais, por outro lado, vêm de dentro de nós, tornando-se a sua cura mais difícil.
É o estilo de vida ocidental que está provocando esta onda crescente de doenças, com efeitos devastadores nas relações, nas famílias, na vida pessoal. Trata-se “da violência da positividade, que resulta da superprodução, do superrendimento e da supercomunicação”. O contexto laboral que marcou grande parte do século XX – industrial disciplinado – está mudando: hoje, as palavras-chave são motivação, iniciativa, rendimento. Muda o âmbito da violência: já não uma violência vinda de fora – as ordens dadas por um patrão, as sirenes das fábricas – mas uma violência que se exerce na pessoa a partir de dentro – na necessidade de ser produtiva, audaz, empreendedora. Mas, e quando a pessoa não consegue atingir os “objetivos” a que se propõe e a que é proposta?
É a sociedade do «yes, we can», do «like». Como lidamos com o fracasso, experiência fundamental numa vida humana em construção, mas uma experiência que não tem lugar na sociedade moderna? Hoje, o trabalhador modelo é o trabalhador capaz do multitasking – ser capaz de realizar, na perfeição, múltiplas tarefas, ao mesmo tempo. Mas as grandes criações humanas – na ciência, na cultura, na arte – só foram possíveis através de longos períodos de atenção, silêncio e concentração. Do mesmo modo, as nossas relações familiares sofrem quando somos incapazes de lhes conceder a nossa total atenção – algo difícil no meio de todas as distrações e solicitações que nos atingem. O excesso que caracteriza a sociedade ocidental – excesso de informação, de comunicação, de emoções, de objetivos – provocam uma dispersão na pessoa, uma incapacidade de estar centrada, um desgaste mental e físico insuportável.
Como lidar com esta realidade? Como aprender a gerir e a controlar os infinitos estímulos que nos afetam, desde a comunicação à internet, passando pelas imagens e pela violência dos telejornais? Como ser capaz de “desligar”? Urge (re) aprendermos a arte da atenção, da escuta, do silêncio, do deter-se, do dar espaço, do não cair nas “engrenagens” de consumo e produção, para que o ser humano não se converta “numa máquina de rendimento, cujo objetivo consiste no funcionamento sem alterações e no máximo de rendimento”.
Trata-se de crescer na pedagogia do olhar: “Aprender a ver, que significa acostumar o olho a observar com calma e com paciência, a deixar que as coisas se aproximem dos nossos olhos, quer dizer, educar o olho para uma profunda e contemplativa atenção, para um olhar amplo e pausado. Este aprender a olhar constitui o primeiro ensinamento preliminar para a espiritualidade”. Curiosamente, o autor termina a sua obra propondo um outro tipo de Cansaço – o cansaço do Sábado bíblico, do descanso como um criar espaço, um dia em que – segundo o texto bíblico – Deus já não cria e, por isso, a Criação pode chegar à sua Plenitude. Trata-se, para o autor, de permitir que o Espírito inspire.


Byung-Chul Han, “A Sociedade do Cansaço”, Lisboa 2014.  Mensageiro de Santo António

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

El Niño trará impactos graves em 2016, alertam cientistas.




O mais forte ciclo do fenômeno climático El Niño registrado até o momento deverá aumentar os riscos de fome e doenças para milhões de pessoas em 2016, alertam organizações humanitárias. Segundo previsões, o El Niño deverá exacerbar secas em algumas áreas e acentuar inundações em outras.
Algumas das áreas mais afetadas estão no continente africano, onde a escassez de comida poderá atingir seu pico em fevereiro. Partes do Caribe e das Américas Central e do Sul também deverão ser atingidas nos próximos seis meses.
Especialistas descrevem o El Niño como um fenômeno climático que envolve o aquecimento incomum das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Suas causas ainda não são bem conhecidas.
Após analisar imagens de satélite, a Nasa (agência espacial americana) afirma que o El Niño de 2015-2016 poderá ser comparado ao que muitos chamaram de "fenômeno monstruoso" de 18 anos atrás.
"Sem dúvida são muito parecidos. Os fenômenos (El Niño) de 1982-1983 e 1997-1998 foram os de maior impacto no século passado, e parece que agora vemos uma repetição", disse William Patzert, especialista em clima do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL, na sigla em inglês) e um dos mais importantes estudiosos do El Niño dos EUA. O pesquisador afirmou ainda que é "quase fato que os impactos serão enormes".

Satélites da NASA mostraram que temperatura do Oceano Pacífico
em dezembro de 2015 é semelhante à registrada em 1997,
ano em que o El Niño também foi forte

Esse evento periódico, que tende a elevar temperaturas globais e alterar padrões climáticos, ajudou 2015 a bater o recorde de ano mais quente da história. "De acordo com certas medições, esse já foi o El Niño mais forte registrado. Depende da maneira como você mede", disse o cientista Nick Klingaman, da Universidade de Reading, na Inglaterra.
As secas e inundações, e o impacto potencial que representam, preocupam as agências de ajuda humanitária. Cerca de 31 milhões de pessoas estão sob risco de escassez de alimentos na África – um aumento significativo em relação a 2014. Cerca de um terço dessas pessoas vive na Etiópia, país em que 10,2 milhões de pessoas deverão demandar assistência em 2016, segundo previsões.
El Niño
O fenômeno climático El Niño faz com que águas quentes do Pacífico central se espalhem na direção das Américas do Norte e do Sul.
Ele foi observado por pescadores na costa da América do Sul por volta de 1600, quando as águas do Oceano Pacífico ficaram estranhamente quentes. O nome, El Niño, é uma referência ao menino Jesus.
O El Niño acontece em intervalos entre dois e sete anos, normalmente atingindo seu pico no final do ano – embora seus efeitos possam persistir até os três primeiros meses do ano seguinte e durar de 12 a 18 meses.
O atual El Niño é o mais forte registrado desde 1998 e, segundo os especialistas, deve ficar entre os três mais poderosos de que se tem conhecimento. Segundo a World Water Organization (WWO), nos três meses de pico, médias de temperatura na superfície das águas do Pacífico tropical devem ficar mais de 2ºC acima do normal.
Um forte El Niño ocorrido há cinco anos estava ligado a chuvas de monções fracas no sudeste da Ásia, secas no sul da Austrália, das Filipinas e do Equador, nevascas nos Estados Unidos, ondas de calor no Brasil e enchentes no México.
Segundo William Patzert, o fenômeno tem causado a forte seca no nordeste brasileiro, enquanto que no sul do Brasil e norte da Argentina são registradas inundações. A combinação do aquecimento global com a intensidade do fenômeno esse ano deve fazer com que esse verão seja um dos mais quentes de todos os tempos no Brasil, com as temperaturas ultrapassando facilmente os 40ºC por vários dias seguidos em locais como Rio de Janeiro, Piauí e Tocantins.
Alerta
Segundo a ONU, cerca de 60 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar suas casas por causa de conflitos. Organizações humanitárias como a Oxfam, por exemplo, estão preocupadas com o impacto adicional que o fenômeno climático possa provocar, tendo em vista as pressões provocadas pelos conflitos na Síria, no Sudão do Sul e no Iêmen.
As agências dizem que a falta de comida deve atingir seu ponto crítico no Sul da África em fevereiro. No Malauí, autoridades calculam que quase três milhões de pessoas irão precisar de assistência antes de março.
Secas e chuvas erráticas afetaram dois milhões de pessoas em Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua. Há previsões de mais inundações na América Central em janeiro.
"Milhões de pessoas em lugares como Etiópia, Haiti e Papua Nova Guiné já estão sentindo os efeitos da seca e das perdas de lavouras", disse Jane Cocking, da Oxfam.
"Precisamos urgentemente levar assistência a essas áreas para assegurar que as pessoas tenham água e alimentos suficientes. Não podemos permitir que outras situações de emergência ocorram em outras áreas. Se o mundo ficar esperando para responder às crises emergindo no sul da África e na América Latina, não teremos como atender à demanda", acrescentou.
Efeito inverso
Se por um lado os efeitos de El Niño serão sentidos de forma mais aguda nos países em desenvolvimento, no mundo desenvolvido o impacto será sentido nos preços de alimentos.
"Leva algum tempo para que o impacto do El Niño seja sentido nos sistemas sociais e econômicos", disse Klingaman.
"A tendência, historicamente, é que preços subam entre 5 e 10% para alimentos básicos. Lavouras de café, arroz, cacau e açúcar tendem a ser particularmente afetadas."
O El Niño deve terminar por volta do outono no hemisfério sul (primavera no norte). Mas o fim desse ciclo não é boa notícia tão pouco: esse fenômeno climático tende a ser sucedido pelo seu reverso – ou seja, eventos climáticos conhecidos como La Niña, que podem trazer efeitos opostos mas igualmente danosos.
Segundo cientistas, durante o El Niño ocorre uma imensa transferência de calor do oceano para a atmosfera. Normalmente, como aconteceu no ciclo de 1997/98, essa transferência de calor tende a ser seguida por um resfriamento do oceano – o evento La Niña.
"É possível – mas não estamos certos – que nesse período no ano que vem estejamos falando sobre o reverso de muitos desses impactos", explicou Klingaman.

"Em países onde El Niño trouxe secas, pode haver inundações trazidas por La Niña no ano que vem. É tão devastador quanto – porém, na direção inversa."