sábado, 16 de junho de 2012

Índice de felicidade do brasileiro

Para medir o desenvolvimento social, o indicador mais utilizado hoje em dia é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas para o ambiente não há um correspondente. Um dos objetivos da Rio+20 é trazer um caminho para a criação deste índice que tem sido popularmente conhecido como índice de felicidade ou índice de Felicidade Bruta (FIB).
O FIB já existe no Butão, um pequeno reino incrustado nas cordilheiras do Himalaia. Lá, o contentamento da população é mais importante que o desempenho da produção industrial. O índice pensado pela Fundação Getulio Vargas, no entanto, não será tão radical. "O PIB será um dos componentes do cálculo", esclarece Fábio Gallo, professor da FGV-SP que, ao lado de Wesley Mendes, encabeça o desenvolvimento do estudo.
O PIB é considerado por diversos especialistas um índice incompleto. Dados como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ou o nível de segurança das cidades não são contabilizados. Portanto, elencar a grandeza das nações pelos bilhões acumulados com produção industrial e comercial, por exemplo, é, para esses especialistas, uma distorção da realidade.
"Elaborar o índice que queremos é algo complexo. São muitos dados subjetivos que variam de Estado para Estado", explica Gallo. Num país do tamanho do Brasil, com regiões diferentes entre si, a tarefa fica ainda mais complicada. "Tudo será sob medida para cada uma das regiões. Dessa forma, chegaremos a bons resultados, que reflitam a situação real do País", completa Mendes.
Os professores salientam que o PIB falha ao computar os custos ambientais e, ao mesmo tempo, inclui em seu cálculo formas de crescimento econômico prejudiciais ao bem-estar da população. Gastos com crime, atendimento médico, divórcio e até desastres naturais como tsunamis colaboram para elevar o PIB.
O primeiro passo do desenvolvimento da metodologia do FIB brasileiro já foi dado pela FGV, e mostra que a riqueza econômica não é o principal fator de felicidade da população. Um questionário com jovens adultos de São Paulo e de Santa Maria, pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul, mostrou que o índice de satisfação dos jovens gaúchos é 22,5% maior que o dos paulistanos. Entre os 11 aspectos de vida estudados, os mais relevantes para a percepção de satisfação foram vida social, situação financeira e atividades ao ar livre.
Ainda de acordo com essa primeira etapa da pesquisa, a principal preocupação dos paulistanos é com segurança pessoal, enquanto a principal satisfação é com perspectivas de crescimento acadêmico. Entre os gaúchos, a preocupação é com as expectativas de conseguir um bom trabalho. A satisfação é com a boa vida social.
Instituto de Finanças
Com a melhoria da renda média do brasileiro e a estabilização econômica, temas como os investimentos e a qualidade de vida ganham espaço. É de olho nessa tendência que a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) criou o Instituto de Finanças. A elaboração da metodologia do índice que medirá a felicidade do brasileiro é uma das iniciativas do novo Instituto.
O instituto será coordenado por João Carlos Douat, doutor em administração de empresas. Sob sua coordenação estarão 11 núcleos e cada um será administrado por um ou dois professores da universidade. No total, são 37 docentes envolvidos com a criação do Instituto de Finanças e pouco mais de 3 mil alunos que já estão matriculados terão acesso às novidades.
O índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), por exemplo, será produzido pelo núcleo de Estudos de Felicidade e Comportamento Financeiro, que terá gestão de Fábio Gallo e Wesley Mendes. No LabFin, o laboratório de finanças, coordenado pelo professor Rafael Schiozer, os alunos farão simulações de investimentos. "Vamos simular a elaboração de carteiras de renda variável e fixa", diz Schiozer. "Queremos formar bons gestores de fundos. Isso é algo inédito no Brasil", reforça.

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