terça-feira, 15 de outubro de 2013

Os Estados Unidos e o aquecimento global: mudanças de rumos?

Cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) reafirmaram recentemente a gravidade das ações antrópicas como fator mais importante do aquecimento global. Segundo esses especialistas, a concentração de dióxido de carbono (CO2) – o principal dos gases que aceleram o efeito estufa – na atmosfera do planeta é a maior em 800 mil anos. O aumento dos níveis de CO2 no ar é resultado, principalmente, da queima de combustíveis fósseis. Entre 1750 e 2011, a concentração desse gás aumentou em 40%.
Nas últimas décadas, o país que mais emitia CO2 eram os Estados Unidos, mas que foram ultrapassados recentemente pela China. Esses dois “gigantes emissores” são responsáveis por quase 40% do total mundial e se a eles somarmos as emissões da União Europeia, Rússia, Índia, Japão, Brasil e Canadá teremos 70% do CO2 que é lançado na atmosfera.
Fonte: US Energy Infromation Administration.
Em junho de 2013, o governo norte americano anunciou um plano para reduzir suas emissões e entre as principais promessas feitas estão a meta de redução que consiste em cortar 3 bilhões de toneladas da emissão acumulada prevista até 2030. Isso seria obtido através de medidas ligadas à maior eficiência energética.
Outra das promessas é a de liberar terras da União para que lá se implantem projetos ligados à fontes renováveis de energia, especialmente a eólica e a solar. A expectativa é que no horizonte de 2020, cerca de 6 milhões de residências do país passem a ser abastecidas por essas fontes.
Na matriz energética do país, o carvão ainda possui expressiva importância e o projeto do governo visa estabelecer um limite máximo de emissões de CO2 por megawatt de energia gerada em usinas termelétricas movidas a esse combustível fóssil.
A proposta também contempla a ideia de se fechar acordos com as montadoras de veículos para fixar, até 2018, um limite máximo de emissões por milhagem, tanto para veículos grandes como para os médios.
O plano prevê também ampliar sistemas de consultas e cooperação bilaterais com alguns países emergentes que têm aumentado suas emissões como são os casos da China, Índia e Brasil, visando a redução das mesmas.
Apesar de indiscutíveis avanços, especialmente se compararmos a postura do governo norte americano durante a primeira década do século XXI (governo George W. Bush), inúmeros ambientalistas criticaram o plano por não vetar a extensão do oleoduto Keystone-XL que ligaria o Canadá ao Texas, transportando petróleo extraído das areias betuminosas canadenses. Deve-se lembrar de que o Canadá se tornou, em 2009, o sexto maior produtor mundial de petróleo e mais da metade da produção do país é originária das areias betuminosas. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a produção canadense deverá quase triplicar até 2030.
Deve-se ressaltar ainda que o Canadá também se transformou no maior exportador de petróleo para os Estados Unidos, que representam mais de 20% do total das importações norte americanas do “ouro negro”. O volume de petróleo que o Canadá envia para os Estados é praticamente o dobro do que o segundo maior exportador que no caso é o México.
Fonte: Ressources naturelles et peuplement
Por fim, o plano destaca a crescente importância do gás natural, hidrocarboneto que também é poluente, mas um pouco mais “limpo” que o petróleo, produzido a partir do xisto betuminoso, fato que vem trazendo mudanças radicais na matriz energética mundial.
Todavia, deve-se lembrar de que ainda não estão claramente definidos os impactos ambientais advindos do processo de extração conhecido como fraking, especialmente sobre os lençóis freáticos das áreas produtoras.

A extração do gás de xisto está não só promovendo uma verdadeira revolução energética nos Estados Unidos, mas também está lançando no mercado mundial um combustível abundante e barato que ao mesmo tempo concorre com fontes energéticas renováveis e deve-se ressaltar que não é isento de emissões.

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