sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O OCEANO ÍNDICO E SUA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E ESTRATÉGICA.

Com extensão bem inferior à dos oceanos Pacífico e Atlântico, o Índico banha cerca de 40 países que se localizam entre a costa leste da África e o litoral ocidental da Austrália. Ao sul, seu limite é o paralelo 60º S, desde o cabo das Agulhas (África do Sul), até a ilha da Tasmânia (Austrália). Em virtude de seus recortes litorâneos, existem no Índico estreitos de grande importância estratégica como os de Bab-el-Mandeb, Ormuz e Malaca, além de inúmeros arquipélagos e penínsulas. (fonte O Mundo)


Algumas das primeiras civilizações do mundo como as da Mesopotâmia, do Antigo Egito e do subcontinente indiano que surgiram ao longo de vales fluviais como os do Tigre, Eufrates, Nilo e Indo desenvolveram-se próximas do litoral do Índico. Nas primeiras décadas do século XV, o almirante Zheng He liderou frotas de navios do então Império da China em várias viagens pelo Oceano Ocidental, como os chineses denominavam o Índico. Ao final daquele século, quando Vasco da Gama contornou o Cabo da Boa Esperança, os europeus se fizeram cada vez mais presentes na região.
 Num primeiro momento, Portugal esteve à frente, construindo pontos fortificados nos estreitos e portos mais importantes. Mas, rapidamente, o país foi perdendo espaço a Holanda, França e Grã Bretanha. No século XIX, esta última se transformou na potência dominante da região, especialmente após a abertura do Canal de Suez (1869).
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos substituíram a Grã Bretanha, quase ao mesmo tempo em que a União Soviética desenvolveu a estratégia de ampliar sua influência geopolítica junto a países da região. Esse choque de interesses levou as duas superpotências se envolveram, direta e indiretamente, em todos os conflitos que ocorreram na região que bordeja o Índico durante a Guerra Fria, como no Sudeste Asiático (Indochina), Oriente Médio, Afeganistão e África Austral.
Atualmente, três países - EUA, Índia e China - possuem grandes interesses geopolíticos na região. Como única potência verdadeiramente global, os EUA estão ali presentes através de bases militares e facilidades oferecidas por países aliados. A presença do país se ampliou a partir de 2001, em decorrência das ações no Afeganistão.
O ponto mais importante do país na área é a base de Diego Garcia, situada a meio caminho entre a África e a Indonésia. Com apenas 44 km2 de extensão, o atol em que se situa se tornou território britânico no século XIX. Na década de 1960, o governo britânico firmou um acordo com os EUA transformando a ilha em base militar. Para que ela fosse construída, cerca de dois mil habitantes da ilha foram transferidos compulsoriamente para as ilhas Maurício.

Com mais de sete mil km de linha costeira, a Índia é o único dos três países que possui litoral no Índico. Sua vasta e rica Zona Econômica Exclusiva exige constante vigilância, especialmente porque o país vê com preocupação o aumento da presença chinesa na área. A Índia julga fundamental tornar seguras suas rotas marítimas e, por isso, mostra grande interesse de cooperação com os governos das ilhas Seychelles e Maurício para dispor de facilidades de escala ou de bases permanentes.
O Índico é de importância crucial para o comércio da China. Por ali transitam cerca de um quarto de suas exportações e 15% das importações. Aproximadamente 75% das importações chinesas de hidrocarbonetos, essenciais para sua segurança energética, circulam por este oceano.

A estratégia de Pequim é de dispor de bases navais e facilidades nesse espaço marítimo. A política da China para o Oceano Índico possui três objetivos maiores: primeiro, fazer frente à multiplicação de atos de pirataria, garantir a segurança de seus navios e, no caso de um conflito, defender seus interesses na área.
O estreito de Malaca se constitui na passagem mais vulnerável. Este estreito, juntamente com o de Singapura, constitui-se numa das principais artérias comerciais do mundo, já que por ali passa o essencial dos fluxos comerciais entre a Europa e Ásia. Nessa região, entre a Malásia, Indonésia e Singapura, agem inúmeros grupos criminosos assaltando os navios. Nos últimos anos houve também grande crescimento de atos de pirataria junto às costas da Somália. A multiplicação de atentados perpetrados por extremistas islâmicos tem reforçado a ideia de ataques suicidas contra petroleiros.
Outra preocupação da China diz respeito à forte presença dos EUA na região. Supondo uma eventual crise entre os dois países, os norte americanos não teriam grandes dificuldades em paralisar o comércio chinês, estrangulando a passagem no estreito de Malaca. Esse sentimento de vulnerabilidade é ainda mais acentuado pelo fato de a China não possuir nenhuma base naval verdadeiramente operacional na região que lhe permita efetuar missões de segurança durante várias semanas. No momento, a estratégia naval de Pequim se apoia principalmente em Mianmar, Bangladesh, Maldivas e Paquistão.
Mianmar ofereceu à China um acesso marítimo ao golfo de Bengala. Em Bangladesh, os chineses obtiveram facilidades navais no porto de Chittagong. Nas ilhas Maldivas, a China poderá construir uma base naval destinada a seus submarinos. Quanto ao Paquistão, o interesse é o porto de Gwadar, cuja construção foi possível graças ao apoio técnico e financeiro de Pequim. Este porto permitiria a ligação terrestre entre o Índico e a região chinesa do Xinjiang-Uigur através do Paquistão, evitando o caminho dos estreitos do Sudeste Asiático

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